Reconhecemos o valor ecológico
e a sensibilidade dos ecossistemas
Business & Biodiversity
A Iniciativa Europeia Business & Biodiversity foi lançada pela União Europeia, aquando da Presidência Portuguesa em 2007, com o objetivo principal de evidenciar a relação positiva entre a atividade das empresas e a Biodiversidade, com vista à promoção de um contributo significativo do sector empresarial para a proteção da mesma, visando o alcance da meta de travar a perda de Biodiversidade à escala local, regional, nacional e global. A Iniciativa portuguesa é gerida pelo Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e o seu sítio oficial pode ser encontrado no seu website AQUI.
Porquê a preocupação com a Biodiversidade?
Politicas Ambientais e da Biodiversidade
As mais recentes gerações são privilegiadas mas têm também a responsabilidade de se conectar num mundo onde expressões como “Ecologia”, “Reciclagem”, “Pegada”, “Desenvolvimento Sustentável” emergiram e fazem parte do nosso quotidiano. Consequentemente, os consumidores têm demonstrado preocupações profundas com o ambiente e estilos de vida mais saudáveis. Nesse sentido, estrategicamente, a definição de Politicas internas direccionadas ao Ambiente e Biodiversidade eram de facto uma lacuna de modo a convergir os Valores, a Qualidade e o Perfil Exportador dos vinhos Boas Quintas, bem como as preferências dos consumidores mais exigentes.
As Politicas publicamente assumidas podem ser encontradas na seguinte ligação: Política Ambiental e Política para a Biodiversidade
Como incluímos a preocupação com a biodiversidade no nosso modelo de negócio?
A Boas Quintas reconhece a importância da Biodiversidade para a sua atividade. De facto, o sector agrícola no geral, e a viticultura em particular, é altamente dependente da Biodiversidade e dos serviços de suporte que esta nos presta gratuitamente. Estes incluem a extraordinária variedade de castas autóctones que surgiram no nosso território, que herdámos, e as quais utilizamos para produzir os nossos vinhos, a contribuição para um solo saudável ao desenvolvimento da videira (fertilização, controlo da erosão, etc.), a regulação dos ciclos naturais (ex. água, nitrogénio), a polinização, o controlo natural de pragas, entre outros.
Com isto em mente, e de acordo com a nossa Politica para a Biodiversidade, foi assinado em Abril de 2014 um compromisso com o ICNF no contexto da Iniciativa Europeia Business & Biodiversity. A nossa estratégia e compromissos para com a Biodiversidade foram desenhados sobre 3 pilares:
Gestão da Vinha e dos Habitats
Foca-se não só na promoção de vinhas saudáveis e de uva de elevada qualidade (com menos pesticidas), mas também na promoção e conservação de espécies selvagens ameaçadas de extinção, assim como pelo respeito pela Rede Natura 2000, dentro da qual algumas das nossas vinhas estão localizadas. Pretendemos harmonizar a nossa atividade económica e a proteção da Biodiversidade.
Caracterização e Monitorização da Biodiversidade
Pretendemos aumentar o conhecimento da Biodiversidade nas nossas Quintas (e por consequência em Portugal), monitorizando-a de modo a avaliar os impactos das nossas atividades (positivos ou negativos) e medidas de gestão implementadas nas comunidades selvagens. Acresce que nos permitirá comunicar com mais segurança os nossos sucessos.
Sensibilização
Com este pilar pretende-se comunicar e sensibilizar os nossos consumidores, clientes e parceiros para a importância da conservação da Biodiversidade, para além disso, pretende-se reportar anualmente ao Instituto para a Conservação da Natureza a situação atual e as atividades desenvolvidas.
O que encontrámos durante a análise da Biodiversidade?
O primeiro passo dado para implementação das Politicas da Boas Quintas foi a realização de um exame à Biodiversidade designado Biodiversity Check, isto é, a caracterização da situação inicial da Biodiversidade nas Quintas de onde provêm os nossos vinhos, e identificar que medidas de sustentabilidade ambiental já em prática com o intuito de reduzir os nossos impactos e promover a Biodiversidade.
Dão – Quinta da Giesta & Quinta da Fonte do Ouro
A Quinta da Giesta e Fonte do Ouro são ambas altamente representativas da paisagem tradicional Portuguesa, caracterizada por pequenas propriedades fragmentadas, mas com um uso altamente diversificado da terra – agricultura e floresta, baixa urbanização e manchas naturais e seminaturais. Maioritariamente compostas por vinhas e pinhais, bem como, algumas pequenas áreas naturais e seminaturais, esta paisagem é altamente benéfica para a conservação da biodiversidade do Mediterrâneo, uma vez que promove uma pressão humana moderada permitindo a convivência de humanos, animais e a preservação dos habitats rurais comuns.
Na Quinta da Giesta a sucessão natural é promovida por sebes e áreas florestais, enquanto na Fonte do Ouro, um distinto olival e uma zona florestal de Tília embelezam a propriedade e servem de fonte de rendimento secundária. Aqui, o reforço da biodiversidade passa também pela promoção de corredores ecológicos, colocação de ninhos e caixas para morcegos, que se alimentam de insetos, como as traças, portanto, com potencial para controlar algumas das pragas e doenças da vinha.
A Cotovia-dos-bosques (Lullula arborea) é uma espécie protegida no contexto do D.L. 49/2005, que pode ser encontrada nestas propriedades. Esta ataca insetos durante a sua época de reprodução, sendo a sua característica mais notória o seu agradável canto que se faz ouvir por entre as vinhas durante todo o ano, mas especialmente durante a primavera.
Península de Setúbal – Herdade de Gâmbia
A Herdade da Gâmbia revela-se particularmente importante dada a sua localização junto ao rico e diverso Estuário do Sado. Esta herdade encontra-se parcialmente inserida na Reserva Natural do Estuário do Sado, para além disso encontra-se no interior da Rede Natura 2000, uma rede de áreas protegidas por legislação europeia que pretende proteger Habitats (SIC) e Avifauna (ZPE) de importância comunitária. Adicionalmente encontra-se dentro de zona RAMSAR, uma Convenção Internacional ratificada por Portugal que pretende proteger as Zonas Húmidas mais importantes do Globo.
Nesta podem-se encontrar um conjunto icónico de espécies ameaçadas de extinção, que encontram aqui habitat, e de espécies protegidas em legislação. Estas espécies estão bastante associadas à Zona Húmida junto ao Estuário e às antigas salinas ali existentes, incluindo o Flamingo (Phoenicopterus roseus), o Colhereiro (Platalea leucorodia), a Andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons), a Garça-branca e Garça-vermelha (Egretta garzetta; Ardea purpurea), o Íbis-preto (Plegadis falcinellus), e duas importantes espécies de aves de rapina, o Tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeruginosus) e a Águia-calçada (Hiraaetus pennatus).
Os resultados do Exame à Biodiversidade indicaram que as aves mais comuns nas nossas vinhas são o Pintassilgo (Carduelis carduelis), o Verdilhão (Carduelis chloris) e o Pintarroxo (Carduelis cannabina). A ave de rapina mais comum junto às vinhas foi o Búteo (Buteo buteo), que inclusive utiliza os postes das mesmas.
Associados essencialmente às áreas florestais de sobro e pinheiro-manso desta herdade, as espécies mais comuns foram o Tentilhão (Fringilla coelebs) e a Gralha-preta (Corvus corone), e ainda várias espécies de chapins (Parus spp.)
Valorizar os tesouros da natureza
Dados os resultados do nosso Biodiversity Check estabelecemos objetivos de gestão para cada propriedade. Os nossos Planos de Gestão da Biodiversidade foram baseados nas diretrizes mais importantes e ambientalmente exigentes ao nível da Qualidade do setor agrícola (ex. Global Gap, LEAF Vineyards). A implementação de técnicas vitivinícolas mais sustentáveis será um objetivo em todas as nossas Quintas, o que inclui a promoção da Biodiversidade Funcional (i.e. a Biodiversidade que melhore a saúde do solo, ajude na limitação natural das pragas agrícolas e florestais, polinização, etc.) e a mitigação de impactos associados à viticultura (ex. redução de pesticidas, uso sustentável dos recursos hídricos, etc.).
Seguindo os objetivos de gestão estabelecidos para cada Quinta, várias práticas de gestão estão em prática ou a ser implementadas gradualmente.